Gás de Xisto (pt) – Gas de Esquisto (es) (+video), por Sen. Roberto Requião

0
2165

thumb_FrackdownParis500px-1_1024Gás de Xisto

A chamada “Shale Revolution” deverá ter fortes impactos na geopolítica mundial. Os Estados Unidos – que até recentemente importavam gás – estão se tornando exportadores e importando menos petróleo. Durante quase trinta anos os Estados Unidos concederam incentivos fiscais e estímulos para P&D, conseguindo com isso tecnologia básica para viabilizar a produção de shale gas. O rompimento da barreira de US$ 100 por barril (hoje em baixa) também ajudou bastante a produção desse gás em larga escala.

Atualmente, essa exploração envolve três fases: descoberta; perfuração e avaliação do reservatório; e produção. Na produção, nos EUA, há necessidade de estimulação, usualmente por meio de fraturamento hidráulico.

A chamada Shale Revolution não tem apoio unânime mundial, nem mesmo nos EUA. Naquele país, a defesa da tecnologia assenta-se na busca pela independência energética como objetivo nacional estratégico. Em especial, para que país se livrar da dependência em relação ao petróleo de países como a Venezuela e a Arábia Saudita. Deverá haver, também, impactos sobre a Europa Oriental, pois o fornecimento de gás pela Rússia está em jogo.

Um segundo problema diz respeito à competitividade do gás natural em relação a outras formas de obtenção de energia – em especial, a produção de energia elétrica. O documento «O futuro do gás natural» foi publicado em junho de 2010 e nele há a constatação de que a economia dos Estados Unidos estará usando mais gás em 2050. Nesse ano, segundo os planos do governo daquele país, as emissões de GEE deverão estar reduzidas à metade dos níveis de 2005.

Um terceiro problema está relacionado com os impactos ambientais do shale gas, cuja exploração foi facilitada pela visão positiva que os ambientalistas tinham de uma eventual substituição maciça de derivados do petróleo por um recurso menos poluente – ainda que também não renovável.

O shale gas teve boa aceitação entre os ambientalistas estadunidenses, pois foi considerado, a princípio, uma boa alternativa para a geração termoelétrica a carvão. Hoje já não é bem assim, pois, mesmo nos Estados Unidos, a oposição à exploração desse gás vem se intensificando. Riscos de contaminação dos recursos hídricos, bem como o uso intensivo da água nas áreas exploradas, estão na pauta de discussão dos militantes.

Gasland é um documentário feito para denunciar impactos socioambientais resultantes da perfuração de folhelhos em formações que contêm gás natural, por meio da técnica de fraturamento hidráulico ou fracking.

Por fim cabe citar um quarto problema: a produção de shale gas, ainda que não se confirmem os temores quanto aos impactos ambientais a ela associados e sob uma perspectiva de longo prazo, será sustentável? Quais as chances de tudo isso não passar de uma bolha especulativa?Há observadores do cenário atual que acreditam estar havendo uma deliberada superestimação do volume dessas reservas e dos resultados de sua exploração.

Acerca de assuntos polêmicos e sobre os quais há mais perguntas do que respostas, a prudência é imprescindível. Ademais, não é demais enfatizar que mesmo os estudiosos do futuro do gás não convencional demonstram mais dúvidas do que certezas quando questionados.

Não parece haver dúvidas quanto ao papel que o gás não convencional irá representar, em escala mundial, como insumo energético – nomeadamente a partir dos resultados alardeados pelo governo estadunidense. No entanto, a polêmica surge, intensamente, quando são discutidos os impactos ambientais do uso do fracking. A proteção de aquíferos e a destinação adequada da lama de perfuração estão no centro dos debates, sempre relacionados com a utilização de substâncias químicas potencialmente perigosas para o ambiente, bem assim com a contaminação da água subterrânea por metais pesados e hidrocarbonetos.

Há dúvidas quanto às emissões de GEE – que liberariam mais gás metano do que as emissões da extração de gás convencional – e, também, quanto ao uso desse gás na produção de energia elétrica, pois haveria emissão de igual ou maior quantidade de GEE que a feita a partir de carvão. Há, também, associações da intensificação da atividade com a ocorrência de tremores de terra, a partir da hipótese de que a injeção de líquidos em falhas geológicas tenderia a intensificar a ocorrência de sismos.

O documentário “Gasland”, cujo objetivo principal é o de denunciar os problemas resultantes da técnica de fraturamento hidráulico, teve ampla divulgação na mídia estadunidense e recebeu indicações, vencendo algumas das disputas. Ainda que vigorosamente atacado por organizações que defendem a exploração do shale gas, o documentário continua dando o que falar.

Uma continuação do filme, “Gasland Part II”, expandiu o território de análise da questão para além da Pennsylvania – abordada no primeiro filme – indo ao estado do Texas e à Austrália.

Outra grande questão a ser respondida é se os países latinoamericanos terão gás a preços competitivos, tendo como referência o preço cobrado nos Estados Unidos.

Em poucas décadas, o crescimento da produção e da demanda de gás natural deverão cair, em razão da elevação dos preços, consequência do eventual avanço das tecnologias de energia eólica e solar, bem como, segundo pesquisadores do MIT, principalmente da energia nuclear.

A substituição do carvão e do óleo pesado pelo gás natural – convencional ou não – tem obvia importância para países que usam intensivamente combustíveis fósseis. Mas a análise ambiental deveria contemplar as tecnologias alternativas à do fracking.

Não há dúvidas quanto à importância estratégica da exploração desse recurso, que impactará importantes segmentos das sociedades latinoamericanas, especialmente aqueles ligados associados ao consumo intensivo da energia elétrica e às transformações químicas.

Em conclusão, no que se refere à exploração do gás pelo fraturamento é preciso considerar o Princípio de Precaução dentro das suas limitações, evitando dar status científico àquilo que, definitivamente, não o possui.

La llamada «Revolución Shale» tendrá un fuerte impacto en la geopolítica mundial. Los Estados Unidos -que hasta hace poco importaban gas- se están convirtiendo exportadores e importan menos petróleo. Durante casi treinta años, los Estados Unidos concedieron exenciones fiscales e incentivos a la I + D, logrando con ello la tecnología básica para permitir la producción de gas de esquisto. Rompiendo la barrera de los 100 dólares por barril (ahora inferior) también ayudó en gran medida la producción de este gas en gran escala.

Actualmente, esta operación implica tres fases: descubrimiento; perforación y la evaluación del depósito; y la producción. En la producción en los EE.UU., hay una necesidad de estimulación, generalmente por medio de fracturación hidráulica.

La llamada Revolución Shale no tiene apoyo unánime en todo el mundo, tampoco en los EE.UU.. En ese país, la tecnología de defensa se basa en la búsqueda de la independencia energética como un objetivo nacional estratégico. En particular, para ese país librarse de la dependencia del petróleo de países como Venezuela y Arabia Saudita. Debe haber también repercusiones en Europa del Este debido a que el suministro de gas por parte de Rusia está en juego.

Un segundo problema se refiere a la competitividad del gas natural en relación con otras formas de obtención de energía -en particular, la producción de electricidad. El documento «El futuro del gas natural», fue publicado en junio de 2010 y en él es la constatación de que la economía estadounidense va a utilizar más gas en 2050. En ese año, de acuerdo con los planes del gobierno de ese país, las emisiones de gases de efecto invernadero  GEE deberían reducir a la mitad de los niveles de 2005.

Un tercer problema está relacionado con los impactos ambientales de gas de esquisto, cuya explotación ha sido facilitada por la visión positiva que los ecologistas tenían una posible sustitución masiva de productos derivados del petróleo por un recurso menos contaminante- aunque tampoco renovable.

El gas de esquisto tuvo buena aceptación entre los ambientalistas estadounidenses, se consideró, en principio, una buena alternativa para la generación de energía térmica a carbón. Hoy en día no es tan así, porque incluso en los Estados Unidos, la oposición a la explotación de este gas se ha intensificado. Los riesgos de contaminación de los recursos hídricos, así como el uso intensivo de agua en las zonas exploradas están en la agenda de los militantes.

Gasland es un documental hecho para denunciar los impactos sociales y ambientales de la perforación de esquisto en formaciones que contienen gas natural a través de la fracturación hidráulica o la técnica de fracking.

Por último vale la pena mencionar un cuarto problema: la producción de gas de esquisto, aunque no se confirman los temores acerca de los impactos ambientales asociados con ella y con una perspectiva a largo plazo, ¿será sostenible? ¿Cuáles son las posibilidades de que todo esto no es más que una burbuja especulativa? Hay observadores que creen que el escenario actual sea una sobreestimación deliberada de que el volumen de estas reservas y los resultados de su operación.

Sobre las cuestiones controvertidas y sobre el que hay más preguntas que respuestas, la prudencia es esencial. Por otra parte, cabe destacar que incluso los estudiosos del futuro del gas no convencional muestra más dudas que respuestas cuando se les pregunta.

No parece haber duda en cuanto al papel que el gas no convencional representará, a escala global, insumo de energía -en particular de los resultados promocionados por el gobierno de Estados Unidos. Sin embargo, la controversia aparece intensamente cuando se discutió el impacto ambiental del uso de fracking. La protección de las aguas subterráneas y la eliminación adecuada de lodo de perforación están en el centro de la discusión, en relación con el uso de productos químicos potencialmente peligrosos en el medio ambiente, así como con la contaminación del agua subterránea por metales pesados ​​e hidrocarburos.

Hay dudas en cuanto a las emisiones de gases de efecto invernadero, GEE -que liberan más gas metano que las emisiones procedentes de la extracción de gas convencional- y, también en el uso de este gas en la producción de electricidad, ya que no habría emisión de una cantidad igual o mayor de GEI que hecha de carbono. Hay también la intensificación de la actividad de las asociaciones y la ocurrencia de terremotos, de la hipótesis de que la inyección de líquidos en fallas geológicas tendería a intensificar la ocurrencia de terremotos.

El documental «Gasland» cuyo principal objetivo es reportar los problemas derivados de la técnica de fracturación hidráulica fue ampliamente publicitado en los medios de comunicación estadounidenses y recibidas las nominaciones, ganando algunos de los conflictos. Aunque atacado vigorosamente por organizaciones de defensa de la explotación de gas de esquisto, el documental sigue dando que hablar.

La continuación de la película, «Gasland Parte II», amplió el territorio del análisis de problemas más allá de Pennsylvania -donde se realizó la primera película – al estado de Texas y Australia.

Otra pregunta importante a responder es si los países de América Latina tienen gas a precios competitivos, con referencia al precio que se cobra en los Estados Unidos.

En unas pocas décadas, el crecimiento de la producción y la demanda de gas natural debe caer debido al aumento de los precios, consecuencia de un posible avance de las tecnologías de energía eólica y solar, y, de acuerdo con investigadores del MIT, principalmente de la energía nuclear.

La sustitución del carbón y el petróleo pesado por gas natural -convencional o no-  tiene evidente importancia para los países que utilizan combustibles fósiles intensamente. Pero el análisis del medio ambiente debe tener en cuenta las tecnologías alternativas al fracking.

Existen dudas acerca de la importancia estratégica de la explotación de este recurso, que afectará a grandes segmentos de las sociedades latinoamericanas, en especial las vinculadas asociado con el uso intensivo de la electricidad y químicas transformaciones.

En conclusión, con respecto a la explotación de gas por fractura se debe tener en cuenta el principio de precaución dentro de sus limitaciones, evitando dar estatus científico a lo que sin duda no tiene.